sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

E o ano termina...


Época boa demais esta de final de ano, até esqueci de compartilhar tantas alegrias. São muitas alegrias, balanço, reflexão, presentes, lembranças, enfim, material suficiente para dar uma guinada em 2011.
Até quem não gosta do ano novo se contagia de alguma forma com a atmosfera que paira no ar. Cada um com suas manias e desejos, mas a verdade é o que a virada de ano é meio mágica. Rever aquele parente antigo, estar sozinho pra variar, mudar de ideia e mudar de novo. Ver um filme, aguentar “aquela pessoa”, tudo faz parte de cenas muito corriqueiras, mas que é uma delícia reviver...
Procurei alguma coisa que traduzisse esse momento tão especial... Mas não precisei procurar muito, uma amiga me enviou por e-mail um texto atribuído a Carlos Drummond de Andrade o qual reproduzo abaixo para vocês! É muito bacana e externa realmente o que essa virada de ano e de vida representa...
Deliciem-se!

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada
minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!!!"

                                               Carlos Drummond de Andrade

(The end)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Triste Despedida...



A nova reforma ortográfica da língua portuguesa teve muitas alterações, causou um reboliço por onde passou e atingiu o país de forma profunda... Abaixo, compartilho um excelente texto, o qual, infelizmente, desconheço o autor. Porém, faço minhas congratulações ao TREMA, sua despedida foi tocante. Até o WORD sublinhou de vermelho as palavras “tremadas”, o coitadinho foi mesmo abolido do nosso bom português!!! Adeus TREMA! Ainda bem que ele teve alguns companheiros que foram embora, assim, não se sentiu tão sozinho....


**Despedida do TREMA**

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema. Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüenta anos. Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos!
Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes! O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C  que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas? A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou - me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar.

Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,
Trema.

(The end)